A sanga que gera mau cheiro aos moradores do Centro e da periferia e que está poluída. A rua que alaga. A rua que é muito quente por falta de arborização. O lixo que entope a rede pluvial. O catador de material reciclável que sofre puxando carrinhos pesados, arrisca-se entrando em contêineres e não obtém nem o suficiente para sustentar a família. O morador que não separa o lixo seco do orgânico. A prefeitura que não tem coleta seletiva e que paga caro para enterrar toneladas de materiais recicláveis, jogando dinheiro fora e impactando o ambiente. O cidadão que ainda joga lixo no chão ou descarta em locais irregulares. Crianças catando lixo na rua junto com seus pais. Consumo desenfreado de produtos. Excesso de embalagens. A prefeitura e a Corsan, que não fiscalizam as ligações irregulares de esgoto como deveriam, que vão parar nas sangas. A falta de campanhas constantes de orientação e educação ambiental da população.
Esses são só alguns dos exemplos de problemas que vivemos em Santa Maria e na maior parte das cidades brasileiras. Problemas que afetam o nosso dia a dia, mas que, de tão comuns, já são encarados como normais por grande parte da população e das autoridades, infelizmente. Porém, há sim como mudar. É fácil? Óbvio que não. Nas atribulações da vida, o meio ambiente acaba sendo empurrado para último plano, assim como boa parte do lixo, que todos querem apenas se livrar dele, de qualquer jeito.
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A mudança é difícil, mas possível. Difícil, porque depende de alguns fatores: 1) Mudança de hábitos, o que é uma das coisas mais difíceis de o ser humano fazer (experimente tentar mudar algo que você faz desde a infância ou fazer exercícios ou dieta para emagrecer, que você verá como é bem complicado). 2) União de esforços: unir pessoas e entidades é algo fácil de falar, mas bem desafiador de tirar do papel. 3) Planejamento: a maioria das pessoas não gosta nem tem o hábito de pensar e planejar, mas para mudar o meio ambiente, é necessário planejamento a curto, médio e longo prazos. 4) Execução: tirar as ideias do papel exige um esforço enorme. 5) Foco: escolher prioridades é fundamental, pois quem quer resolver tudo, não resolve nada.
Apesar de todos esses desafios, a proposta do Comitê pelo Meio Ambiente, criado por cinco instituições de Santa Maria e o Grupo Diário, é justamente assumir o compromisso de refletir, unir esforços e agir para mudar a realidade atual. Serão reuniões quinzenais, em que serão criados, depois, grupos específicos para tratar de questões específicas, em que outras entidades, empresas e pessoas serão convidadas a colaborar.
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O compromisso é pelos próximos anos, com ações permanentes. Espero que, no futuro, a realidade seja diferente e que possamos presenciar cada vez mais exemplos positivos, de aumento da coleta seletiva, de dignidade para os catadores de materiais, de sangas mais limpas e de cidadãos mais engajados em separar lixo, limpar e arborizar a cidade.
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